Ao Calvário
O castigo da cruz era terrivelmente doloroso! Como
nenhum órgão vital era atingido, o condenado morreria simplesmente pela dor e
sufocação.
Dores inimagináveis passavam por seu corpo, devido aos ferimentos e a câimbras
que traziam vigorosas contrações musculares. O crucificado não conseguia ficar
quieto, e cada movimento trazia ainda mais tormentos.
A perda de sangue ocasionada pelo açoite, fazia com que a vítima sentisse uma
sede intensa. Enxames de moscas e mosquitos se ajuntavam em torno das feridas.
Já se podiam ver abutres que começavam a voar próximo do local da crucificação.
Quantos lamentos se ouviam! Gritos de dor, a morte seria uma libertação de tais
sofrimentos.
O próprio condenado tinha de levar a sua cruz, para
o local da crucificação, que ficava próximo a entrada das cidades, para que as
pessoas que ali passassem se atemorizassem com esse horrível exemplo.
Um castigo tão que era reservado somente aos
escravos ou aos grandes criminosos.
A Caminho do Gólgota
Dá-se início a um sombrio e triste cortejo. Seguia
na frente o centurião encarregado da crucificação. Logo atrás dele, ia um
mensageiro que proclamava o motivo da condenação.
Em seguida, esgotado pela falta de descanso, sem
dormir, sem se alimentar, andando com muita dificuldade, com as emoções
dilaceradas pela flagelação, tratado brutalmente, vinha o condenado, carregando
a cruz pesada.
Estava cercado por quatro soldados, seriam os seus
carrascos até que ele fosse tirado da cruz morto. Atrás do Mestre, iam dois
malfeitores, quem sabe eram dois revolucionários do bando de Barrabás.
Simão Cireneu
Simão era chamado Cireneu, porque era oriundo de
Cirene, capital da Cirenaica, uma província localizada na costa leste da
África. Cerca de um quarto da população de Cirene era judaica.
"E
quando o iam levando, tomaram um certo Simão, cireneu, que vinha do campo, e
puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse após Jesus." Lucas 23:26
E quando a turba da crucificação saía pela porta da
cidade, entrava Simão Cireneu. E os romanos o obrigaram a carregar a cruz de
Cristo, pelo restante do percurso, até o calvário.
O Mestre estava fisicamente muito fraco àquela
altura. A cruz era pesada! E pesava ainda mais do ponto de vista espiritual,
pois representava os pecados da humanidade inteira!
Além de ficar conhecido através da história de
Jesus, Simão certamente se tornou um cristão fervoroso. Marcos relata que Simão
era pai de Alexandre e de Rufo, dando a entender que eles eram cristãos
conhecidos. O apóstolo Paulo enviou uma saudação especial a um cristão chamado
Rufo, que pode ter sido o mesmo filho de Simão (Rm 16:13).
As Mulheres de Jerusalém
Em cada lado das ruas estreitas, uma multidão
ruidosa se apertava e seguia o pelotão de crucificação. Muitos lançavam sobre
os condenados, injúrias e insultos.
Outros, amigos, pessoas que foram por Jesus curado,
as mulheres em particular choravam, manifestavam publicamente com prantos e
batidas no peito. A intensa paixão que provocava o homem de dores fazia
da turba barulhenta, um espetáculo de horror e morte.
Muitas almas sensíveis reconheciam que Jesus era
muito mais que um simples crucificado. Aqueles que foram um dia conquistados
pela sua pregação, por seus milagres e por sua bondade, choravam com um pranto
profundo. Não entendiam porque ele se deixava ser maltratado daquela forma.
"E
seguia-o grande multidão de povo e de mulheres, as quais batiam nos peitos, e o
lamentavam." Lucas 23:27
"Jesus,
porém, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim;
chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos." Lucas 23:28
"Porque
eis que hão de vir dias em que dirão: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres
que não geraram, e os peitos que não amamentaram! Então começarão a dizer aos
montes: Caí sobre nós, e aos outeiros: Cobri-nos. Porque, se ao madeiro verde
fazem isto, que se fará ao seco?" Lucas 23:29-31
Jesus não estava a rejeitar o afeto daquelas almas
piedosas, mas já previa a destruição que sobreviria, quarenta anos depois,
quando Jerusalém foi destruída pelos romanos.
O Gólgota
O Cortejo chega ao local da crucificação, o
Gólgota, ou Calvário, segundo a tradição latina, que significa lugar da
caveira. O Gólgota não era um monte, mas sim uma protuberância rochosa, um
pequeno outeiro, que recebeu esse nome por causa da semelhança de sua forma com
a de um crânio humano.
"E,
quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos
malfeitores, um à direita e outro à esquerda." Lucas 23:33
O Vinho Com Mirra
Havia um antigo costume, tolerado pelos romanos, de
se oferecer, aos condenados à crucificação, uma taça cheia de vinho misturado
com incenso e mirra. Essa mistura aromática tinha como propósito aliviar o
sofrimento dos sentenciados, pois se tornava em substância narcótica.
Quando ofereceram esta bebida a Jesus, ele não quis
bebê-la. Ele veio para salvar o mundo, através de seus sofrimentos, e escolheu
suportar o suplício da cruz, sem nenhum tipo de alívio, enfrentando a morte em
plena consciência.
Tudo isso sofreu calado por mim e por você, este é Jesus Cristo !!!
Rui Lima